terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O que se espera do estudante online?



O aluno online é um aluno peculiar: regra geral, é um adulto com mais de 25 anos, trabalhador e, consequentemente, não dispõe de tempo disponível para o ensino presencial. No entanto, pode ser também um indivíduo que, por não ter tido oportunidade de estudar enquanto mais jovem, decide fazê-lo numa fase mais estável da sua vida. Vários podem ser os motivos que levam os estudantes online a optar por esta forma de aprendizagem; observa-se um crescendo de procura pelo ensino à distância motivado por razões de ordem geográfica, razões que se prendem com a acessibilidade ou, ainda, razões de compatibilidade de horários.



A educação online exige iniciativa no planeamento e na organização da aprendizagem, um ritmo regular de estudos, um acompanhamento constante do decurso dos trabalhos porque, no seu âmago este ensino pressupõe a ideia de aprendizagem colaborativa baseada na construção partilhada do conhecimento. Nem todos os estudantes possuem os requisitos necessários para ter sucesso num curso do tipo e-learning. Então quais as condições desejadas para ser um estudante online bem sucedido?

Deve ter um computador com acesso à Internet e ferramentas informáticas para acompanhar os trabalhos exigidos ao longo do curso;

Deve ter algumas noções de como utilizar o correio electrónico, como aceder e pesquisar na Internet, como trabalhar com o processador de texto;

Ser disciplinado e metódico; organizar o tempo em função das suas disponibilidades e não perder o rumo do que há para realizar;

Participar em todas as actividades propostas após ler, sistematizar, assimilar os conteúdos disponibilizados em cada unidade curricular;

Pedir auxílio ao professor sempre que surgir uma dúvida ou utilizar os fóruns para comunicar com os colegas e solicitar a ajuda de algum companheiro que tenha percebido com maior rigor determinado conceito;

Ler todos os comentários dos colegas e professores, tentando tirar partido das discussões e procurando entender as opiniões consideradas mais válidas, ampliando assim o conhecimento relativamente a determinada matéria;

Sempre que o estudante tiver uma opinião que considere pertinente e de interesse geral, não deve hesitar em comunicá-la aos outros; enriquece o ambiente e a si próprio quando consegue interagir com os outros;

Relacionar os conceitos teóricos com a aplicabilidade que deles pode retirar; a articulação entre o saber teórico e o saber prático é essencial para que um curso se revele útil;

Desenvolver estratégias pessoais de estudo e tentar ir sempre mais além do que é proposto como conteúdo;


Ser empático com todos e não ter um espírito competitivo ou exibicionista; antes, deve cultivar o gosto pela partilha e o espírito de entreajuda.

Um curso online permite aos alunos desenvolver muitas competências desde que estes tirem o proveito pleno do ambiente de trabalho que se origina numa aprendizagem deste tipo; quando se ingressa em qualquer instituição de ensino superior é preciso perceber o tipo de comportamento que se espera do estudante – no ensino online não é diferente…

Reflexão pessoal


À medida que a minha experiência como estudante online aumenta, vou ficando deslumbrada com as portas que se me abrem diante dos olhos.

Habituada que estava ao ensino presencial e aos métodos que aí se praticavam e praticam ainda, a aderência a um estilo de ensino com parâmetros em alguns pontos diferentes ao que se me afigurava “normal” constituiu uma mudança que considerei desafiante e, ao mesmo tempo, assustadora. Lembro-me das inseguranças do primeiro semestre do primeiro ano, dos desafios que tive de vencer em questões relacionadas com as aptidões do manuseamento precário e básico das ferramentas informáticas que me eram exigidas, da sensação de isolamento, do receio de ter questões que não eram prontamente esclarecidas, etc. Com o passar do tempo, fui reflectindo sobre tudo o que me era exigido, sobre como teria de responder aos desafios permanentes e como era “saboroso” vencê-los sozinha com trabalho e com estudo; aprendi a “deliciar-me” com o exercício de pesquisar, aprender, questionar, no meu tempo, nos meus horários, segundo o meu método de trabalho e ter a liberdade de estudar o que eu quero (dentro de temas determinados) e quando quero.

Hoje, posso afirmar com toda a segurança e com a transparência natural que é reconhecida pelos que comigo privam, que estudar online tornou-se um hábito diário, um gesto quotidiano, um gosto permanente. Todos os dias de manhã, um dos meus primeiros gestos é a abertura do computador e a consulta dos temas diários, dos trabalhos, dos comentários de colegas e professores; toda esta vivência já faz parte do meu quotidiano e sinto-me abençoada por poder usufruir desta riqueza. Aprendi que não há limites para o que posso aprender, nem tempo para o fazer; posso buscar incessantemente o conhecimento que ele vai estar à espera que eu o encontre. Aprendi que não estou sozinha na aprendizagem porque tenho um leque de professores que sempre corresponderam aos meus apelos, quando necessário, e um conjunto de colegas que me agraciam diariamente com comunicações no meu correio electrónico, com solicitações de ajuda ou com incentivos pessoais.



Sinto que pertenço a uma comunidade de aprendizagem e que quero dar de mim o que eu puder para aumentar o saber de outros.

O meu dia-a-dia profissional está ligado ao ensino mas uma coisa é leccionar, outra é ser aluno; uma coisa é avaliar, outra ser avaliada. Em todas as fases da nossa vida aprendemos e ensinamos e a vida é isso mesmo: retirar das vivências o que aprender, reflectir, e de novo ensinar. Mas poder sentir o prazer de aprender e ser agraciada com o sucesso ou com a desventura provoca uma sensação de desafio que se torna muito estimulante.
O ambiente online é propiciador de uma maior aproximação entre estudantes; tentam apoiar-se uns aos outros e, os que têm espírito de partilha, colaboram no sentido de trocarem bibliografia ou informação lida ou ainda de exporem abertamente dúvidas nos fóruns para que outros beneficiem das respostas dadas. Dá-se ao estudante o privilégio de traçar o rumo da sua aprendizagem e de construir com outros uma base mais sólida dos conceitos que se desejam ser apreendidos. Ao professor cabe o papel de orientar a aprendizagem, de fornecer os conteúdos a explorar, de retirar dúvidas, de ser um mediador de conflitos e, sobretudo um gestor, um organizador e avaliador do trabalho que pretende ver executado.